Sobre

O projeto R.E.A.C.T (Revolutionary Exotoxin A Combat Techniques) veio da convergência de jornadas acadêmicas, interesses intelectuais e inquietação compartilhada diante das crescentes ameaças das superbactérias. Assim, Gabriela Goes da Cunha e Júlia Silva Djahjah transformaram inquietações individuais em um trabalho na área da biotecnologia.

Em 2018, Gabriela, ainda no ensino fundamental, ganhou o Prêmio Espantaxim, um concurso nacional de produção textual, com o tema "O Mundo em 2050". Durante suas pesquisas para o texto, ela se deparou com o dado da OMS das superbactérias (1 morte a cada 3 segundos em 2050), as quais gerariam uma das maiores crises de saúde pública nas décadas vindouras. O fantasma das superbactérias continuou a assombrar Gabriela no decorrer dos anos por causa do seu histórico familiar com infecções hospitalares, com a mãe tendo tais complicações médicas durante o parto do seu irmão.

Enquanto isso, Júlia, fascinada por temas de impacto global, começou sua trajetória em 2021 ao realizar o curso Antimicrobial Stewardship: Improving Clinical Outcomes by Optimization of Antibiotic Practices, online pela Universidade de Stanford. O curso introduziu Júlia ao papel da gestão de antibióticos e solidificou sua compreensão sobre o equilíbrio entre as práticas médicas e a evolução microbiana.

O ano de 2024 foi um divisor de águas para ambas. Gabriela participou do Summer Pre-College Program em Computational Biology na Carnegie Mellon University, sob a orientação do Dr. Phillip Compeau e do Dr. Joshua Kangas. Nesse programa, ela aprendeu sobre as possibilidades e os algoritmos da biologia computacional relacionadas ao código genético das bactérias, além de se destacar com uma das quatro melhores apresentações de final de curso sobre o revolucionário AlphaFold, cujos desenvolvedores ganharam o Prêmio Nobel da Química em 2024 pela ferramenta. Para Gabriela, o curso a direcionou definitivamente para a fusão da biologia e da tecnologia, a qual motivou a criação do R.E.A.C.T.

Simultaneamente, Júlia foi selecionada para um programa de verão em Harvard, onde completou um curso universitário em Science, Technology, and Political Philosophy. O curso explorava os desafios sociais e éticos trazidos pela ascensão de novas tecnologias em um futuro repleto de adversidades, com ênfase em medicina. Júlia, que conectava filosofia política, ciência e mudanças sociais, trouxe ângulo importante para o problema das superbactérias.

As experiências de Gabriela e Júlia se conectaram, e, motivadas por suas formações complementares, elas começaram a trabalhar juntas no desenvolvimento do  R.E.A.C.T. Elas não estavam sozinhas: buscaram orientação do Professor Doutor Francisco Tupy, especialista em gamificação e ciência aplicada, com ênfase em videogames. Seu direcionamento trouxe insights sobre como abordar o projeto de forma a interligar ciência de ponta a soluções acessíveis e práticas. Além disso, contaram com a coorientação de Pietro Quinzani, que alcançou o quarto lugar na ISEF (International Science and Engineering Fair), se destacando na feira de ciências mais prestigiosa do mundo em 2022.

Combinando a base técnica em biologia computacional de Gabriela, a visão tecnológica teórica de Júlia, e o suporte intelectual de seus mentores, o R.E.A.C.T foi desenvolvido. O objetivo do projeto é combater a exotoxina A, uma das armas mais devastadoras da Pseudomonas aeruginosa, utilizando simulações moleculares para projetar inibidores mais eficazes e acessíveis.

Hoje, o R.E.A.C.T é produto de trajetórias que unem ciência, ética e inovação, Gabriela e Júlia continuam a expandir o projeto, procurando soluções que salvem vidas e tragam um futuro mais sustentável. Este é só o começo de uma história que, assim como elas, é feita de paixão, rigor e a crença no poder do conhecimento.